quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bullying volta à cena após internação de aluno de 8 anos


 bullying, uma das questões mais polêmicas do comportamento escolar, voltou à cena em Brasília e em Londrina. No âmbito federal, uma comissão de juristas aprovou parecer que pode tornar agressões a crianças no ambiente escolar um crime punível com até quatro anos de detenção do agressor. Já em Londrina, a revelação do caso de uma criança de 8 anos, internada com crises de pânico e convulsões, também põe no foco a responsabilidade de escolas e professores quando os casos acontecem.
O Núcleo Regional de Educação (NRE) abriu sindicância e já afastou uma professora apontada como responsável pelas alterações no comportamento da criança após ser chamada de gordinho. “Ele estava com o dedo na boca e a professora falou para tirar porque já era gordinho e não precisava disso”, detalhou a mãe, enquanto acompanha o menino que permanece internado em um hospital. Os pais afirmam que há mais de um mês o comportamento da criança se alterou até evoluir para um quadro de convulsões e violentas crises de pânico. “Em crise, ele nos ataca e fica agressivo. Quando tem pesadelos, pede para que não apertem o pescoço dele e fala em ameaças de morte por outras crianças. Uma situação horrível”, lamenta a mãe do menino. “A meu ver, a professora que fez isso não pode lidar com crianças. Faltou preparo”, argumenta a mãe, tentando se controlar.
Princípios do Amor Exigente
Com 35 mil estudantes de 5 a 11 anos, a direção da rede municipal de ensino considera que casos de bullying entre alunos são raros em razão de diversas abordagens iniciadas a partir de 2010. “Temos queixas pontuais, mas nunca episódios graves. Os alunos geralmente colocam apelidos e provocam pequenas agressões nos colegas, mas para que o comportamento não se repita e torne-se bullying acreditamos que os nossos professores estão aptos para identificar e intervir pontualmente”, diz Cristiane Sola Rogério, gerente educacional de apoio especializado da Secretaria Municipal. O programa Amor Exigente, que estimula a ajuda mútua com foco em 12 princípios éticos, imerge professores durante 14 semanas em reflexões que lidam com o comportamento, o amor próprio, respeito e questões culturais envolvendo as crianças e as famílias delas. “Quando os pais e professores atuam juntos, a criança muda o comportamento. O trabalho é importante porque o ambiente familiar também é um local muito comum de bullying e outros tipos de agressões”, diz. Até o momento, 600 dos 3,5 mil professores participaram do programa.
Ponto sensível
E o preparo dos professores é mesmo o ponto sensível para identificar e enfrentar a intimidação escolar a tempo de evitar tragédias ou problemas maiores. Jaqueline Ferreira, técnica pedagógica da equipe de ensino e responsável pelas ações de enfrentamento à violência nas escolas estaduais – onde estão mais de 65 mil estudantes em Londrina - afirma que a questão deve ser tratada preventivamente – com ações na formação pessoal do professor.
Para a técnica do NRE, punir bullying com prisão é uma possibilidade: “Mas não basta criminalizar. Tem que haver prevenção”, sustenta. “Sobretudo porque, via de regra, o professor que entra para a rede de ensino termina a formação sem maturidade suficiente para temas como esse”.
No caso da rede estadual, a Secretaria de Educação em Londrina diz preencher tal lacuna na formação de quem ensina com oito horas semestrais de abordagem para professores no Plano Formação em Ação. “Temos consciência de que não é o suficiente. Por isso, estimulamos que as próprias escolas debatam o tema na elaboração das semanas pedagógicas internas”, diz a especialista. “O bullying é apenas um dos recortes da violência escolar e é um tema que, aos professores e educadores, cabe estudar, estudar e estudar. O bullying não foi inventado pela escola: está na sociedade e é praticado em vários espaços porque tem a ver com os movimentos da própria sociedade”.

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