quinta-feira, 26 de março de 2015

Sem carro e sem asfalto, mãe de três cadeirantes sofre para tirá-los de casa

Rotina de Anderson (foto) se resume a ir à escola e voltar. (Foto: Erick Gimenes/G1)É difícil chegar ao casebre da dona de casa Aparecida Mendes, em Paiçandu, no norte do Paraná. O carro se bate todo, as rodas se enfiam em buracos enormes, a poeira vermelha sobe e sufoca. Se já é difícil de carro, imagine empurrar cadeiras de rodas neste terreno acidentado. Mãe de três adolescentes cadeirantes, Aparecida sequer tem veículo para encarar a ladeira de terra, vizinha a uma linha de trem desativada e a uma penitenciária estadual.
Para levar os meninos a algum lugar, vai a pé mesmo, "no braço". As cadeiras saem aos solavancos da casa e, com dona Aparecida na condução, brigam com as muitas pedras esparramadas pelo caminho. Não é raro quando as rodas enroscam e causam pequenos acidentes. E há um detalhe: quando um dos filhos sai, o outro tem que ficar em casa.

Eles só conseguem sair se eu paro tudo o que eu 'tô' fazendo e empurro a cadeira. Uma de cada vez, claro. Não tem outro jeito, né? Quando temos que ir até o centro, eu subo tudo isso no braço, na força mesmo. Impossível viver aqui!", diz a dona de casa, com um sorriso sem graça.
Pedro, de 13 anos, Anderson, 18, e Carlos, 19, nasceram com a mesma doença nas pernas, conforme a mãe. Ela não sabe explicar o que é, com detalhes técnicos. Diz apenas que é "um problema nos nervos". Patrícia, de 16, é a única entre os filhos que consegue se locomover normalmente.
A família mora há cerca de quatro anos na casa, alugada por R$ 380 mensais. É a penúltima antes do fim da rua e do começo de um matagal. Para facilitar a saída dos rapazes, não há muros ou portão. Dentro, nenhuma porta, com exceção do banheiro, divide um cômodo do outro.

Quando chove, ninguém sai. Quando o sol está muito forte, todo mundo sofre. A rotina dos três irmãos se resume a ir para a escola - com o ônibus que os busca em casa - e voltar. Para chegar ao centro, se necessário, é preciso enfrentar cerca de 400 metros de ladeira e barro.
O pai dos jovens trabalha em uma empresa de limpeza, em Maringá, cidade vizinha. Não tem condição de ajudar no transporte dos meninos, porque só chega em casa para jantar e dormir, segundo dona Aparecida.

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