segunda-feira, 27 de março de 2017

SÓ 95 PENDÊNCIAS Criminalística de Londrina conclui 18.905 laudos em menos de quatro anos

A cada dia que você atrasa um laudo, é mais um dia que você pune a vítima e favorece o réu", diz o chefe em Londrina do Instituto de Criminalística do Paraná, Luciano Bucharles, aos 16 peritos que integram a sua unidade. O trabalho da equipe tem alcançado números surpreendentes nos últimos anos. Entre agosto de 2013 e fevereiro de 2017, foram concluídos mais de 18,9 mil laudos periciais. Cada parecer representa um inquérito policial, procedimento para se apurar autoria de crimes e outros casos de violência.

De acordo com Bucharles, Londrina atualmente possui só 95 pendências em fase de elaboração. Situação bem diferente de agosto de 2013, quando assumiu o instituto local. "Estou há três anos e meio como chefe da unidade. Nesse período, foram 19 mil solicitações. Hoje são 95 pendências (em aberto) em fase de elaboração. Em agosto de 2013, quando assumi, eram 1,5 mil. Cada um representa um inquérito policial. Apesar dos números, não estamos numa situação tranquila, precisamos de mais profissionais", explica ele, que é especialista há 23 anos.

"Em média, recebemos por dia de 20 a 30 solicitações. Mas há momentos que chegam a 100, como nos feriadões. A quantidade de aditamentos, correção de laudos, é baixa", detalha o chefe do instituto, que, desde junho de 2016, é responsável também pela perícia de documentos da "Operação Publicano" (que investiga esquema de corrupção na Receita Estadual de Londrina). "Um material muito extenso. Temos dois computadores processando tudo, que não são desligados nem mesmo nos fins de semana. Ainda restam três meses para finalizar tudo", adianta.



Segundo ele, apesar do esforço da sua equipe, dificilmente ela conseguiria atingir 100% de laudos concluídos. Resultado que, na sua opinião, polícia alguma do mundo atingiria. "É impossível um órgão policial falar que dá conta de uma demanda como esta. Seja a Polícia Federal, a Militar, a Civil e até mesmo a do FBI (unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos)."

A seção do instituto de Londrina atende no momento 90 municípios, quase 25% de todo o Estado. "Percorremos até 270 km para atender uma solicitação, seja um caso de acidente ou um de homicídio. Dentro dessa realidade, em cima da demanda que temos, estamos bem. Hoje temos 16 peritos, mas precisaríamos de 300 para atender tudo", admite Bucharles.

Para ele, o comprometimento dos 16 peritos criminais coloca a cidade acima dos grandes centros na resolução dos casos. "Acredito que atendemos duas vezes mais que outros grandes centros do País. Não temos reclamações. Nosso diferencial é estar com todos os laudos em dia. Hoje, os laudos são encaminhados por e-mail, o que agiliza todo o processo. O policial civil não precisa mais buscá-los aqui", exemplifica.

"Hoje temos 20% de peritos plantonistas e 80% que fazem o trabalho interno. Não posso falar pelos outros institutos, mas sei do empenho de cada um dos profissionais que atuam em Londrina", reconhece Bucharles.

Unidade improvisada
A Polícia Científica do Paraná prepara o concurso público para a contratação de profissionais para os cargos de perito e agente auxiliar de perícia. "O objetivo do Estado é que cada subdivisão policial tenha o seu Instituto de Criminalística, hoje são só 150 peritos no Paraná. O objetivo do concurso é que 40 novos já possam atuar em dois anos. Espero que alguns em Londrina", salienta.

Uma nova estrutura também poderia fortalecer o trabalho feito em Londrina. Há 13 anos, o instituto está instalado de forma improvisada em uma casa. "Mas existe um projeto, que está em licitação em Curitiba, para a construção de um novo prédio em Londrina, ao valor de R$ 4 milhões. Não há uma previsão para o início da obra", conta Bucharles. (P.M.)

Na última segunda-feira, a reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), em busca de informações sobre pendências de cada um dos dez Institutos de Criminalística do Paraná (Curitiba, Paranaguá, Cascavel, Ponta Grossa, Umuarama, Maringá, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Pato Branco, Francisco Beltrão). No entanto, os dados não foram levantados pela Sesp até o fechamento desta edição.
Paulo Monteiro - Grupo Folha

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