quinta-feira, 13 de julho de 2017

Quais competências são necessárias em momentos de crise?

Durante toda a sua vida profissional, a paranaense Waléria Cristiane Gonçalves trabalhou na indústria. Já são 25 anos como colaboradora, divididos em duas empresas do setor de confecção. “Todas as minhas conquistas pessoais foram fruto do meu trabalho”, conta ela orgulhosa de tudo que construiu ao lado do marido e de ter também se desenvolvido profissionalmente, tornando-se supervisora.

Na Be Little, indústria de confecção infantil com sede em Curitiba, onde Waléria trabalha há 15 anos, ela passou de cortadora à supervisora da fábrica. “Eu cheguei na empresa quando ela tinha apenas 4 meses de existência, era muito pequena. Ela foi crescendo, contratando e eu crescendo junto com ela”, relata.

Waléria viveu os altos juros da década de 90 e a estabilidade do real, para ela, independente de crise ou de crescimento econômico, o profissional que se saí bem é aquele que sabe colaborar e trabalhar em equipe. “Um precisa ajudar o outro para que a gente entregue o nosso produto ao cliente, ele seja bem aceito e gere renda e emprego para todos”, afirma a supervisora.

Diante do desaquecimento do mercado de trabalho, não basta apenas um perfil técnico. “Algumas competências podem fazer diferença tanto para o profissional se manter no atual emprego, como para o profissional que busca uma nova oportunidade”, afirma a coordenadora técnica de negócios do IEL Paraná, Marília Wanderley Guimarães.

A crise obrigou as indústrias a reduzirem diversas atividades para garantir a sobrevivência.  Por isso, Marília afirma que as empresas estão cada vez mais enxutas e o momento demanda por profissionais comprometidos e proativos, capazes de atuarem em múltiplas frentes e com responsabilidade pelas decisões. “A capacidade de adaptação também é necessária, o contexto muda rapidamente. Ler cenários, perceber mudanças, adaptar-se a elas faz grande diferença”, completa a coordenadora técnica.

Preparando o terreno

Além das competências comportamentais necessárias, é preciso olhar para onde estão as oportunidades profissionais. A indústria no Paraná é responsável por 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e movimenta a economia no Estado não só em valores, mas também na geração de vagas. Em abril, o segmento paranaense contratou 81.322 colaboradores nas diferentes atividades. Os setores que mais contrataram foram as indústrias de alimentos, de confecção de artigos do vestuário e acessórios, de produtos de madeira e móveis.

A previsão é que até 2020, o Paraná terá de capacitar 920 mil trabalhadores em ocupações industriais nos níveis técnico, superior e de qualificação. O dado é do levantamento “Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020” do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

A tendência é que as cinco áreas que mais demandarão profissionais, de acordo com o estudo, são: construção (223.413), meio ambiente e produção (209.596), alimentos (120.152), metalmecânica (110.821) e vestuário e calçados (70.617).

A capacitação e a inserção do profissional na indústria podem abrir outras oportunidades de desenvolvimento e crescimento na carreira. Foi o que aconteceu com a coordenadora de Sistema Integrado de Gestão da Tequaly, Daniele Bergamasco Scharnoveber. Em 2007, ela ingressou no curso de aprendizagem industrial eletrônica no Senai no Paraná. Graças ao curso, aos 18 anos estagiou durante um ano e meio em uma multinacional do setor de máquinas e equipamentos. Das aulas no Senai ela lembra de um professor que era sistemático e cobrava disciplina e foi preparando para o mercado de trabalho e de tudo o que veio a seguir.

Durante a aprendizagem ela teve contato com a área de meio ambiente e de qualidade de processos. Terminou o curso no Senai e começou a faculdade de Administração, sendo convidada pela multinacional a fazer um estágio na área de qualidade. De lá, ingressou em outra indústria enquanto aprendiz. Já formada, em 2011, foi contratada como assistente de qualidade. “Graças ao contato com áreas que formam o sistema integrado de gestão, que eu tive durante os estágios de aprendiz, foi possível ingressar no meu primeiro trabalho”, conta. Hoje, ela é coordenadora do sistema integrado de gestão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário